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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Coletivo Insanidade


Por Leandro Santolli
Foto : Arquivo Leilinha Nascimento

Ultimamente a construção de espetáculos que usam o transtorno psiquiátrico como mote tem crescido assustadoramente, bem como os que falam de nordestino e afins, deste modo ou a Cia. sai do denominador comum ou tende a ser repetitivo e chulamente falando chato.

A Cia. Contempodança é ousada e abusada em seu espetáculo ‘Casulo’ que tem  a direção de Leilinha Nascimento  e nos remete a este universo inconsciente fruto de pesquisa e laboratório com o elenco,  onde praticamente inexistem coreografias, as que existem são executadas com tamanha técnica ou beleza, diante do contexto geral dançar ou não passa plenamente despercebido,  também não seria interessante caracterizar como teatro, mesmo vendo o elenco atuar e convencer em seus transtornos mentais.

Não necessariamente deve existir música e nem coreografia para se dançar, a Cia. Parte deste principio e lança ao publico um mix de experimentações que causam inquietudes e perturbações, mostrando com clareza o conceito do espetáculo, explorando a alienação mental e aproximando os  espectadores de um mundo visto por um outro olhar, um outro raciocínio lógico e outras relações afetivas.

O cenário composto pelas conchas acústica do TTB foi uma das grandes sacadas, bem como o uso do tecido acrobático compondo o espetáculo. A trilha assinada por Ton Toy cabe em cheio, e o próprio se faz entender como parte do processo criativo da Cia, a música é executada ao vivo, os mais variados sons dos instrumentos mais inesperados, o chão do procênio talvez seja o melhor exemplo disto, Sulanca também é uma acertada opção na composição da trilha, não poderia ser mais inteligente.

Sérgio Robson assina a iluminação e a direção artística e o faz com grandiosidade, sem grandes efeitos, sem grandes novidades, porque talvez nem coubesse, ainda assim é muito bem elaborada e rica, agrega o espetáculo e não é insano.

Se a finalidade do espetáculo era a de impressionar, o fez com grandeza, envolveu o publico, gerou opiniões controversas, causou frisson, gerou desconforto e agradou a muitos, ainda é possível notar que o nu em cena choca parte do publico sergipano, porém se formos ponderar o mesmo, ver as nádegas de um bailarino no teatro e ver as dançarinas de bandas de forró desta cidade em suas coreografias vulgares é só uma questão de ótica,  então qual o motivo de tanto alarde ?

‘Casulo’ é daqueles espetáculos que vale a pena assistir, principalmente por que nunca irá existir uma opinião formada sobre o que é apresentado, e se existir nunca será a mesma.

17 comentários:

Anônimo disse...

Por Ianah

Pois é . eu não vi nada de dança, e não vi nada vom nada .

Anônimo disse...

Por Fabrizio Carvalho

É um espetáculo bonito, bem estruturado, mas difere do que eu entendo por dança de fato, mas não deixa de ser bom . eu gostei

Fêfa Matos disse...

Realmente a sociedade não sabe mesmo o que é dança contemporânea. Só como fator de conhecimento: a dança contemporânea possibilita diversas linguagens e técnicas corporais,e cabe a cada grupo usar de uma ou várias dessas, dependendo do objetivo que se queira alcançar. Mesmo assim não deixa de ser dança. Já passou o tempo em que dança era: movimentos iguais e sequênciados executados por todos os bailarinos do começo ao fim do espetáculo. E me desculpe, mas dizer que não houve técnica no trabalho apresentado?

o blog é interessante para isso mesmo, causar inquietações, contudo deixando espaço para respostas.

Maíra Magno disse...

bom o espetaculo foi extremamente experimental, na vanguarda da contemporaneidade
nao foi feito pra agradar a todos e sim pra chocar e nisso é brilhante
se eu gostei?
não
achei que aproposta de apresentar o comportamento corporal de pessoas com transtorno mental em cena nao foi muito bem apresentada
o estudo de corpo de doentes mentais foi pobre, todo pareciam ter o mesmo trastorno, esquisofrenia em sua fase aguda
mas devo tirar o chapéu par alguns pontos
1) a coragem de levar ao palco algo absolutamente experimental
2) o objetivo 100% atingido de causar inquietações no público, absolutamnte ninguem é passivo diante de casulo
3) conceitualmente o espetáculo é muito bem reasolvido, todo ele, esteica, sonora e sensorialmente
eu só acho que eles deveriam fazer um laboratório profundo no comportamento corporal de doentes mentais, ai sim o espetáculo seria perfeito, mesmo pra pessoas que como eu não gostam da linguagem

July Ellen Lázaro disse...

então,
é assim! rsrs
sabe o que o melhor de produzir algo?
claro na minha opinião,
ouvir críticas do público leigo.
MUITOS destes pagam o nosso cachê
e é MUITO importante agrada-los.
gostei muito do espetáculo e acho importante a controversia de opiniões, ja pesnsou se todos pensassem igual? (que chato) o artista deve defender a sua teoria e acreditar na fundamentação do espetáculo, quanto aos outros goste quem quiser, afinal de contas ja existe o livre arbitrio né?

Ewertton Nunes disse...

Bem... Eu também quero participar desta discussão:
"onde praticamente inexistem coreografias, as que existem não são executadas com tamanha técnica ou beleza"
Talvez seja preciso rever o conceito de coreografia e de beleza expressos em sua "opinião crítica" Afinal... O belo não necessariamente é sinônimo de beleza... Um espetáculo é todo coreografado, mesmo que não haja uma leitura convencional de organização espaço temporal.
Quando você diz "estudo do contemporâneo" Está se referindo exatamente a que? A uma escola? Existe alguma? Estaria falando da técnica? Mas existe então um conceito definido sobre o que é ou não contemporâneo? Apresente-nos!
"explorando a alienação mental e aproximando os espectadores de um mundo visto por um outro olhar, um outro raciocínio lógico e outras relações afetivas." O estudo desenvolvido pela Cia. contempodança vai além da "alienação mental" (não sei onde este conceito se enquadra na psicologia). E que "outro raciocínio lógico" seria esse? Loucura com lógica? Raciocínio? "...sem grandes efeitos, sem grandes novidades, porque talvez nem coubesse, ainda assim é muito bem elaborada e rica, agrega o espetáculo e não é insano..." Há uma contradição aqui, Sérgio Robson foi grandioso na sua falta de novidade? Ahn? Mais uma vez eu acho que você precisa pensar a sua concepção de "novo", "novidade" reveja as suas críticas e perceba que você atribui novidade no que não existe e não analisa como potencial de renovação o que é devido.
E apesar da sua releitura do grande RAUL SEIXAS (ainda que não tenha sido a intenção ao finalizar o texto) "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." É melhor não tentar julgar a loucura dos artistas, a nossa condição racional é falha e pobre... Não vamos tentar enquadra-las em conceitos os quais não temos propriedade. Parabéns a Cia. Contempodança, por seu trabalho insano, cheio de superações e integridade!
OBS: Maíra... Acredito que o objetivo de "Casulo" não é chocar, até mesmo porque, se algo do que foi exposto ainda causa choque algo está errado no outro...
Sem mais... Vamos escolher os melhores termos para opinar positiva ou negativamente!

Maíra Magno disse...

wewe eu acho que um dos objetivos é chocar sim, pq o transtorno mental ainda é um tabu em nossa sociedade
nao estou falando da bunda de adriano
estou falando do incomodo que a loucura causa em todos nos
e do incomodo proposital do espetaculo
das distorções sonoras
das distorções corporais
não é um espetaculo feito para agradar é feito para incomodar
e incomoda e nisso é brilhante
assim como ninguem gosta de ver doentes mentais, preferem esconder ou atribuir á maus espiritos o transtorno
é desse incomodo que estava falando
o que eu realmente achei pobre foi que dentro do comportamento corporal dos doentes mentais ha uma imensa partitura de movimentos gestos e comportamentso extremamente cenicos
e esta parte nao foi bem trabalhada

Unknown disse...

Realmente tenho percebido que as palavras e expressões escolhidas para as críticas foram infelizes... mas crítica é crítica?! Prefiro confiar naquelas que são feitas por pessoas especializadas e, sempre, ouvir a opinião do público! Todavia, texto em blog ser conceituado como crítica? Quem é responsável pelo blog dança ou é espectador? O tipo de texto aqui construído não é de um espectador... Enfim, eu acho grave alguém que mostra claramente que não entende de dança ou coreografia tentar argumentar de forma tão contraditória, o texto não é fluido, não é completo! Parece sempre aquele “morde e assopra”! Até nisso é preciso ter coerência, ou seja, assuma uma postura ou saiba transitar melhor entre as partes!
Para completar tais “achismos” entra Maíra com as opiniões de um “Casulo” que ela mesma faria! Então faça seu próprio “Casulo” e aprenda a respeitar o trabalho de pesquisa da Contempodança! Lembre-se do suor para conceber um trabalho artístico, principalmente num estado onde não temos apoio!

Maíra Magno disse...

andre, realmente nao vi onde vc vui algum desrespeito de minha parte em relação ao trabalho do contempodança
não achar perfeito?
não é perfeito
nenhum trabalho apresentado na mostra é
quem nao sabe ouvir nao cresce
ha sim aspectos positivos no espetaculo
e ha aspectos onde o espetaculo pode crescer e melhorar
quem so recebe elogio nao cresce
por isso que em certas areas a cultura sergipana nao evoluem todo mundo so quer elogios o tempo todo
e sobre o trabalho de conceber uma obra artistica quem ta nomeio sabe que faz parte
faz parte da trabalho
e nem sempre da certo
as vezes agente se mata de trabalhar e o resuldao nao é bom
fazer oque?
começa de novo, limpa repensa
gente temos de deixar essa mentalidade provinciana

kel cintra disse...

ok como dialogar com egos tao inflados e irredutiveis e bairristas? porra ngm sabe dar razao a ngm aqui...ser humilde as vzs funciona, mesmo na arte.
acredito que o dono do blog nao quer ser Deus em termos de critica,a intenção deve ser aplaudida pq finalmente algm resolveu se manifestar pelos seus proprios meios, que xinguem o leo mas nao pq ele concordou com td que assistiu, que nunca achem que sao os melhores e que nao precisam melhorar, ficar dizendo que o outro nao é conceituado é desculpa esfarrapada pra nao aceitar as criticas, é coisa de gente mimada, pq todo ser humano pode escrever, pensar, assistir, e ter suas proprias conclusoes sabiamente sem ter uma matricula na ufs e ficar repetindo oq houve dos professores.
o espectador nao é burro, nem um pouco, lembrem que vcs tem um importantissimo papel de botar pra frente a mentalidade desse povo de aracaju que muitos consideram provincianos, mas pra isso é preciso de conduta e menos afetamento.

Maíra Magno disse...

kel, eu te amo!
e quem é que vai ao teatro e paga ingreço? intelectual mega conceituado que entende tudo?

Ewertton Nunes disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Realmente risível! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Alexandra disse...

Bom, diante do q está exposto, solicito encarecidamente q a Cia Contempodança realize mais um espetáculo de 'Casulo', para q possamos mais uma vez apreciar tamanha beleza e plenitude da arte contemporânea e para q assim, sejamos passíveis ou não de novas conclusões e críticas.

Maíra Magno disse...

ta vendo alexandra? o quão é importante uma crítica?
a obra reverbera, faz agente repensar em aspectos que não se deteve na primeira vez que a viu, estimula nosso sentido, a opinião alheia nos sucita duvidas. Será que é isso mesmo?
será que eu me enganei?
dai da vontade de ver outra vez, prestar mais atenção, ver com uma visão mais crítica e apurada.
quando ninguem escreve nada o espetaculo morre na estreia, gostamos ou desgostamos, mas se não ha um canal de diálogo ele se esgota nele mesmo.
parabens pela colocação.

Unknown disse...

O mais bonito é ver o "coletivo dos grupos de dança de Sergipe" debatendo a crítica de forma tão clássica, com a educação que é peculiar dos mesmo, e isso me traz à noite de sábado com o "belo berro" de Maíra Magno(melhor momento da apresentação da CIA dela). Nada mais me supreende...
São muitas plumas para um espaço pequeno...
Casulo: Adorei, choquei, mas, gostei.. Surpreendente, imprevisível, dinâmico... São corajosos e bem resolvidos... MUITO BOM!!!

Anônimo disse...

obrigada gaby o berro foi do fundo da alma!

Leilinha Nascimento disse...

5 anos depois e me pego relendo, outra vez, os comentários do Blog Síncope sobre o espetáculo da Cia Contempodança da qual faço parte, e no qual assino a direção.
Lembro que na época decidi não me posicionar, ainda estava mergulhada nas pesquisas, na estréia, nos comentários dos amigos que assistiram... eu não tinha como me distanciar para analisar melhor.
Quero agora agradecer a todos que entraram nesta discussão, defendendo não a mim ou a Cia ou ao autor do blog, mas defendendo suas próprias opiniões, que foram lidas, levadas para as reuniões da Cia, discutidas entre os membros e nos serviram de feedback para melhorarmos nossos espetáculos.
Ainda hoje, quando vamos sentar para fazer um novo projeto, relemos os vários blogs que postaram sobre nossos trabalhos, não para criar algo que agrade ao público A ou B, mas para lembrarmos da nossa identidade, da nossa história, da nossa essência.
E sim, usamos as opiniões de vocês em nosso clipping a nosso favor kkk
Obrigada a todos que acompanham nosso trabalho!