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terça-feira, 20 de abril de 2010

Cinco "meninos"


Por Leadro Santolli
Foto: Arquivo da Cubos

A aparência infantil esconde a grandiosidade profissional que os “meninos” da Cubos levam consigo. Mais do que sua maneira de dançar eles fizeram de seu espetáculo ‘Cubos ao cubo’ um verdadeiro manifesto, inventando uma estética única, especial, na qual estar ou não na “moda” não faz a menor diferença.

É notória a sede que a companhia tem de imaginar e trazer o novo. É a diversidade popular brasileira. É um delírio visto como poesia, a estética como expressão. Mas para além do espetáculo o que mais encanta é a coletividade, a consciência de grupo e a dedicação a arte a que os “meninos” se propõem. Suas manifestações e críticas sociais estão disfarçadamente escondidas em seus espetáculos e cabe somente ao publico entender a simbologia usada e assim fazer sua reflexão pessoal.

A Cubos nos presenteia sempre com uma arte fora do obvio e de grande fascínio. No processo de trabalho fiquei extasiado após nossa primeira conversa margeada por tantos ensinamentos e discursos, o que pude constatar também numa oficina pós-espetáculo onde foram mostrados os processos de criação, por sua vez tão portentosos, imensos, construídos logo por cinco “meninos”.

Comovi-me por entender que estava diante de inventores artísticos que muito farão e que tem uma história fantástica a ser contada. Vejo revistas e críticos cobrando que se faça coisa nova, e  de fato os artistas em Sergipe têm procurado fazê-las. O problema é que quando eles chegam com estas novas os veículos de comunicação dizem que não é o “perfil”. Talvez a comunicação é que precise estar mais adaptada ao que é novidade, e isso fica bem claro quando vemos a batalha da Cubos e de tantas outras companhias espalhadas pelo estado a procura de espaço.

Em dado momento de nossa conversa, nos 45 minutos que antecediam o espetáculo ‘Reverso’, pude registrar a preocupação que um tem com o outro, isto inclui os técnicos e as pessoas envolvidas no trabalho, a exemplo de Altair Santo, figurinista do espetáculo, que compartilhava conosco desta troca de experiências. 

Talvez este seja o principal alicerce da Cubos: “respeito, respeito e respeito”, principalmente porque no âmbito de artes o que mais se tem crescido é o ego, ao contrário do profissionalismo. Repetidas vezes me veio à memória o célebre ensinamento de Stanislavski: “ame a arte em você e não você na arte”.

Depois da maratona de espetáculos e da oficina, a vontade que se tem é de abraçá-los  e parabenizá-los. Mas diferente disto meu desejo maior, e assim o fiz, foi agradecer pela riqueza de informações, pela ousadia na arte, pela dedicação e principalmente por me fazer entender mais uma vez que estes cinco “meninos” são, sem dúvida alguma, um dos maiores representantes da dança neste estado.

A Cubos é uma usina de criação que nunca para e, com os sentidos fervendo, nos levam aos caminhos de uma arte inteligente. Seu maior ensinamento é o valor do trabalho coletivo. Isabele, Júlia, July Ellen, Rodolpho e Viviane: cinco “meninos" que vivem da invenção. A bacia, o apito, a varinha de condão, o vestido, a máscara. Tudo, em suas mãos, é matéria-prima, de susto e beleza.

2 comentários:

Ecristio disse...

Bolg muito massa cara!!! Seu tetxo tb. A desatenção com o processo criativo, por vezes, entre nós mesmo é muito reducionista. Claro que o que vai para os palcos marca nossa retina. Mas o processo criativo... as paredes... o desgaste... essa onda toda. fico muito feliz quando o olhar vai além e dá conta destes pormenores. Acredito que o público não precise estar atento a isso, mas a crítica sim. Só não entendi uma coisa 5 meninos é o nome de algum espetáculo deles? (não me cucifiquem que não moro aí... é a curiosidade latejando!)

Um forte abraço

Michel Oliveira disse...

Olá Ecristio, cinco meninos foi uma forma dele se referir aos cinco componentes da Cubos, rs. Continue visitando o blog.

Abraço,

Michel Oliveira