Por Leandro Santolli
Foto : Amigos Elyte
A Cabriola Cia. De Teatro , estréia sua 6º produção , com o espetáculo ‘O pulo do gato’ , trilogia de comédias que iniciou com ‘ o que é que há com nós dois’ e continuou com ‘ o que é que há com nós dois , mais uma vez ‘ com foco em conquista e convivência respectivamente . Ultimo espetáculo desta trilogia aborda a separação ou possível recomeço , partindo da visão masculina .
Não seria ofensivo dizer que O pulo do gato , é um samba do crioulo doido, para não dizer caos. Existe uma boa idéia, infelizmente expressa em ações que não se completam a razão de existir da peça. Talvez esmiuçando a peça seja mais fácil seu entendimento, ao contrário é difícil dar um parecer sobre o que é exposto ao publico.
O ator, diretor e autor do espetáculo entra em cena numa discussão, onde de imediato já fica notória a falta de ação,visto ser um momento caloroso da ‘briga’, e a dicção demasiadamente marcada, com cada virgula no seu lugar, uma verdadeira sabatina. Entre um texto e outro , o espetáculo vai sendo conduzido por canções entoadas pelo ator, além algumas coreografias desnecessárias . As canções chatas e mal executadas começam a ser um tormento , a cada vez que o ator indiciava cantar, a platéia já se remexia na cadeira, olhava para o relógio e como se não bastasse , uma nuvem de gelo seco, muito gelo seco, muito ... (faz sentido?) É totalmente aceitável que o ator queira dançar, sapatear, chorar ... desde que este tenha domínio do que se faz ,no caso em questão falta um amadurecimento vocal , e isto transforma o que poderia ser um ‘achado’ do espetáculo num momento de terror.
O texto tende a ser machista , e isto é aceitável , estranho seria imaginar que o mesmo fosse defender um ponto de vista bem ‘mocinha’. Contudo o texto na tentativa de soar engraçado e agradável, vai caindo para piadas velhas, sem graça alguma e que converge quase que em sua totalidade para sexo e afins , o ator então quebra a 4º parede e fica sempre neste jogo de ‘ vou contar uma piada , riam ‘. Um show de variedade humorística, ou seja, ser uma descarga de piadas, paródias musicais e situações de humor escrachado com o objetivo de gerar um acontecimento de entretenimento “popular”. De modo que as situações e o desenrolar de trama no espetáculo tornam-se apenas pretexto para o desbunde. A situação serve ao humor e não o contrário. Isto é, o desenrolar da peça é reduzido a uma justificativa para o show cômico-trash .
Celso Júnior em uma determinada crítica em seu blog (http://tinyurl.com/ya9fweo) cita : “Surpreendentemente, o público respondia às gargalhadas. Talvez por ignorar as possibilidades perdidas que o texto oferece, se contentando com o humor raso .Mas não se pode esperar muito do público que foi educado - e mal educado - para isto .” Eu diria ainda que o publico muitas vezes ri, pra fazer valer o valor do ingresso , na pior das hipóteses.
A iluminação trava uma batalha com o ator, compromete o espetáculo, não cria , não faz as vezes de pintar o espetáculo, ou de trazer algo de bonito ao mesmo, o mesmo refere-se a trilha sonora mal resolvida e por vezes inaudível pela baixa qualidade, bem como num off , onde o personagem fala ao tefefone com um suposto amigo ‘Carlão’ , o áudio é tão ruim que a voz é facilmente confundida com uma voz feminina , podia ser descartado inclusive . Vale salientar ainda que as pausas são bem rápidas, o que nos faz entender que o personagem pensa pouco, ou não pensa nada.
Figurino casual, mas aparentemente não existe um estudo sobre ele, ou se existe é necessário uma análise mais profunda, afinal o ator desde inicio do espetáculo até o final , tira e põe o blazer 7 vezes , é chato, é cansativo, é angustiante. Se existe uma mala em cena, entende-se que o ator tem onde guardar o tal pertence , porém a mala é usada no início da peça para pegar algum objeto (se não me falha a memória , o blazer), e depois disso apenas para pegar um cigarro . (Eu guardo o cigarro no bolso, na mala é trabalho demais para mim ) A mala fica sem uso durante quase todo o espetáculo , e até nas saídas repentinas em que o personagem diz ir embora a mala fica, inclusive o espetáculo termina , o personagem vai embora e a mala continua lá ... imponente, linda, atuante ! podia estar na coxia, em casa, ou no ponto de venda, mas preferiu estar lá.
O espetáculo com duração de aprox. de 50 minutos termina com mais musica, mais coreografia, mais gelo seco e como se ainda faltasse algo, ganhamos uma chuva de bolinhas de sabão (oi?)
“se você não está contra eles, você está colaborando com eles”
Talvez esta seja a sina de todo artista, ontem e hoje.
O espetáculo foi assistido no dia 25 de março em Alagoinhas-BA , no Centro de Cultura e Arte | Fez parte da programação do Festival Arte para todos , do qual a Blog Síncope participou como convidado
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